“Project : Research — O.porto School of Architecture Research Journal” (ou, na designação mais sucinta, “Project : Research”) emerge como uma revista científica nova, publicada binanualmente (duas vezes por ano) pelo Centro de Estudos de Arquitectura e Urbanismo da Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto, e criada a partir da premissa que o projecto de arquitectura (simultaneamente, instrumento, processo e objecto) constitui uma forma distinta de indagação intelectual, suportada por evidências empíricas.

O projecto de arquitectura, compreendido como um caminho entre a abstracção ou concepção e a matéria concreta e a realidade tangível, é uma expressão da contribuição única da disciplina da arquitectura para a produção de conhecimento e para a compreensão das condições temporais, materiais, sociais e culturais do mundo, entretecendo narrativas históricas, desafios contemporâneos e possibilidades futuras.

O projecto de arquitectura é, simultaneamente, artístico e científico, resultante da multiplicidade de métodos, instrumentos e discursos de pensamento, cada um contribuindo para o processo de investigação, análise e criação. Esta abordagem interdisciplinar enriquece não apenas a compreensão da arquitectura, como promove uma apreciação mais profunda do seu impacto na sociedade e na cultura.

Ao distinguir esta tradição de investigação e inovação, a revista presta homenagem aos visionários e pioneiros que conceberam o projecto de arquitectura como um plano plural e persistente de experimentação, atravessando e entrelaçando tempos e saberes distintos, vislumbrando futuros duradouros, entre os quais, Carlos Ramos, ilustre director da escola de arquitectura do Porto, cuja defesa firme pela colaboração interdisciplinar deixou uma marca indelével na educação e prática arquitectónicas.

A partir de um tema específico e de um núcleo estruturante composto por “Ensaios de Projecto” (“Project Essays”), a revista oferece uma plataforma ampla para a apresentação de perspectivas críticas e investigações originais e rigorosas no âmbito das Práticas Arquitectónicas. Desde explorações teóricas a análises históricas, de realizações práticas a representações visionárias, a revista procura abraçar a natureza múltipla da investigação em arquitectura e a sua relevância na formação do nosso ambiente construído e experiência colectiva.

São sempre lançados dois Call for Papers em simultâneo, cada um correspondente a um número da revista e coordenado por dois editores convidados. Cuidadosamente seleccionados, a partir da sua experiência teórica e prática, pelos Conselhos Editorial e Científico-Consultivo da revista, os editores são convidados a contribuir com as suas perspectivas singulares para as questões basilares que a revista propõe mapear. Estas baseiam-se, necessariamente, no importante equilíbrio entre os assuntos persistentes da disciplina e o surgimento e urgência de problemáticas contemporâneas.

A submissão de abstracts para os dois primeiros Call for Papers encontra-se, actualmente, a decorrer até ao dia 3 de Maio.

O primeiro número é editado por Marta Caldeira e William Mann, que propõem o desafiante tema  “Álvaro Siza: Housing in the Contested City”, contribuindo, dessa forma, para os debates contemporâneos em torno da habitação. Álvaro Siza enfatiza, frequentemente, o papel crucial da habitação na estrutura urbana e a responsabilidade social do arquitecto no desenho de ambas. Ao moldar edifícios e espaços, os arquitectos estabelecem relações importantes entre o indivíduo, a comunidade e a sociedade; ao intervir em estruturas existentes, mantêm valores passados enquanto imaginam novas possibilidades. Como a habitação é, também, a base estruturante da comunidade e da vida pública, as considerações no seu desenho vão além das condições de habitabilidade, exigindo um projecto urbano abrangente. No entanto, esta responsabilidade desdobra-se num ambiente complexo e tenso, limitado por valores de terrenos, estruturas financeiras e regulamentos de construção, simultaneamente influenciado por movimentos políticos urbanos mais amplos, programas sociais e dinâmicas económicas que moldam a cidade. Como Álvaro Siza frequentemente observou: o desenho de habitação é um processo colaborativo, sujeito a negociação, contestação e evolução contínuas.

O segundo número conta com Elli Mosayebi e Reto Geiser como editores convidados, incentivando os autores a explorar a dimensão frequentemente negligenciada da arquitectura: o Tempo. Nas discussões disciplinares, o tempo é frequentemente visto através de lentes históricas ou futuristas, enquanto o seu impacto profundo na formação dos processos projectuais é, frequentemente, ignorado. A arquitectura encapsula de forma única a passagem do tempo, com espaços, materiais e sequências de edifícios, servindo como manifestações tangíveis da progressão temporal. O ambiente construído, capaz de perdurar por séculos, serve como um repositório de conhecimento, encapsulando técnicas culturais, disponibilidade de recursos e preferências estéticas de arquitectos, construtores e clientes. Assim, a arquitectura transcende fronteiras temporais, unindo o passado e o presente.

Criada para ser acessível, em formato digital e impresso, a revista compromete-se em estimular o discurso crítico e contribuir para o avanço do conhecimento em arquitectura. A revista assegura, igualmente, um processo de revisão rigoroso e transparente, através de revisões por pares, duplamente cegas. Com um modelo de distribuição de acesso aberto, garante uma ampla acessibilidade aos conteúdos.

Todas as informações, incluindo o Call for Papers completo e as directrizes para a submissão de resumos, estão disponíveis no website da revista:

www.project-research.arq.up.pt.