Tema

Todos nós nascemos imersos numa língua cuja estrutura molda os discursos da cultura no mundo, os falados e os escritos, e ainda os imaginados e os construídos num universo tão particular como é o da arquitetura. Os significados linguísticos são a expressão de formas primordiais naturais e espaciais, reflexo e manifestação dessa diversidade complexa, com uma dinâmica evolutiva que contamina e se deixa contaminar num processo contínuo ao longo do tempo...

Esses dois sistemas constitutivos, Língua e Arquitetura, constituem pontos de partida imprescindíveis para o conhecimento e a descoberta do ser humano, para a construção da memória coletiva, como testemunho da sua própria existência. Não apenas enquadram o consciente material e imaterial, mas condicionam e influenciam as suas ações, as formas de pensar e comunicar, o modo de habitar.

A língua portuguesa com as suas variações e a transterritorialidade que lhe é característica, reúne um conjunto de "arquipélagos" com expressões e manifestações culturais singulares. A palavra e a arquitetura nos países onde a língua portuguesa é falada, formam no seu conjunto, uma teia vasta e complexa plena de significados, de contaminações e intercâmbios históricos e sociais. A língua portuguesa constitui um vasto campo de experimentação e adaptação, onde expressões linguísticas e arquitetura se reinventam continuamente. Cada região, cada lugar, ao reinterpretar estas mesmas influências, incorpora-as na sua identidade, contribuindo para a riqueza e diversidade do mundo lusófono que conhecemos.

Desta interação contínua no tempo, emerge um diálogo produtivo e criativo entre global e local, entre tradição e novo, onde Língua a Arquitetura se encontram e caminham interligadas, numa dinâmica de significados que reflete as múltiplas identidades e histórias que compõem esses diálogos. Língua e Arquitetura, em conjunto, consolidam uma expressão cultural com uma identidade própria, responsável pela preservação e perpetuação da memória, que incorpora e potencia a mudança, a inovação.

O diálogo português entre Arquipélagos linguísticos e arquitectónicos lusófonos espalhados pelo mundo, é o território que se pretende explorar e dar a conhecer no VI Seminário AEAULP, que terá lugar de 01 a 05 de dezembro de 2025 em Cidade da Praia em Cabo Verde. 

O Seminário tem como tema central a relação intrínseca entre a Língua falada e escrita e a Arquitetura, entendidos como sistemas constitutivos que moldam a identidade e a memória coletiva, e influenciam o modo de pensar, comunicar e habitar - especialmente relevante no contexto Lusófono, onde estas expressões culturais se reinventam e adaptam continuamente num diálogo estabelecido entre o local e o global.

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