'Pó e cinzas e outros desenhos' de J. J. Marques
Projecto Riscotudo
Exposição
'Pó e cinzas e outros desenhos' de J. J. Marques Projecto Riscotudo
Exposição
23 de outubro - 26 de dezembro de 2024, 2.ª - 6.ª feira (encerra aos feriados), 9h00-20h00, Átrio da Biblioteca
A exposição 'Pó e cinzas e outros desenhos' de J. J. Marques, Artista plástico e Professor Auxiliar do Departamento de Desenho da FBAUP, vai estar patente no Átrio da Biblioteca da FAUP de 23 de outubro a 23 de dezembro de 2024, no âmbito do projecto Riscotudo com curadoria dos professores da FAUP José Manuel Barbosa e José Maria Lopes.
A inauguração decorre no dia 23 de outubro, 4.ª feira, às 14h00, seguida de Aula Aberta, das 15h00 às 16h00 (encontro no átrio da biblioteca da FAUP), intitulada 'Desenho e levantamento de um lugar – estratégias, modos e sistemas de representação' com José Manuel Barbosa (FAUP) e Jorge Marques (FBAUP).
A mostra, de entrada livre, poderá ser visitada até 23 de dezembro de 2024, no Átrio da Biblioteca da FAUP, de 2.ª a 6.ª feira, das 9h00 às 20h00 (encerra aos feriados).
Pó e cinzas e outros desenhos
'Pó e cinzas e outros desenhos' reúne, para além dos desenhos da série pó e cinzas, outros desenhos que foram, de algum modo, deixados para trás. São desenhos que fizeram parte de pesquisas anteriores, apontamentos, notas, intenções que não tiveram continuidade. São desenhos que sobrevivem de algum modo.
Não existe verdadeiramente intenção de os mostrar. Antes, deixar vê-los entre uns e outros, como restos, uma espécie de depósito, testemunhos da sua própria indeterminação.
Pó e cinzas foi uma expressão que usei para descrever um certo estado da realidade. Uma realidade que está prestes a transformar-se ou que está em mudança devido a algum tipo de impacto natural ou humano. A expressão sugere, ainda, uma transição iminente, onde elementos naturais ou culturais, civilizacionais ou outros, podem estar em processo de desaparecimento, evolução ou deterioração.
Estes desenhos aludem, também, para a dualidade da existência, pó e cinzas, como uma transformação inevitável, do corpo e da natureza e de todas as outras criações artificiais ou culturais. São desenhos num estado de catástrofe, representado pelo pó e pelas cinzas, e que nos lembram a inevitabilidade da transição e renovação.
Este aspeto dinâmico adiciona uma camada temporal aos desenhos, evocando o seu próprio processo de realização — depositar, deslocar, arrastar, preservar, sobrepor, fixar…, etc.
Nos desenhos, a planura torna-se um elemento essencial da expressão de uma certa espacialidade atmosférica. Todo o processo depende do toque da mão sobre o papel, da velocidade e pressão dos gestos, como se o desenho existisse, em cada toque, entre a pele e o papel, e fosse assim progressivamente depositado.
Na superfície do papel, explora-se a transitoriedade e efemeridade da sua própria evolução como testemunhos silenciosos dos acontecimentos do desenho. Alguma profundidade adicionada, camada após camada, leva-nos a testemunhar a sua própria formação e transformação.
Entre essas partículas de poeira emerge uma dupla narrativa. Uma que, evocada no gesto, remete para uma certa ideia de paisagem, ou um certo estado da realidade, e outra que remete para o processo de realização do desenho, como um ato de resistência contra o desaparecimento ou esquecimento iminente.
O desenho lembra-nos disso.
— J. J. Marques
J. J. Marques (Joaquim Jorge Marques, n. 1967). Artista plástico e Professor Auxiliar do Departamento de Desenho da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, onde leciona desde 1998. É membro colaborador do Instituto de Investigação em Arte, Design e Sociedade — I2ADS. Doutorado em Arte e Design — área científica de Desenho — pela Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, com o tema 'O processo como circunstância do desenho — Contribuições para o estudo de modelos experimentais de processo. Enquanto docente e investigador, tem-se debruçado sobre o entendimento das questões implicadas nos processos do desenho e como estas se podem tornar um meio viável do pensamento e conceção do desenho. Como artista tem vindo a explorar a ideia de limite na definição de processos convencionalmente associados à pintura, ao desenho e fotografia. Entre as suas exposições mais recentes destacam-se 'Drawing Things Together', na Galeria da Biodiversidade da Universidade do Porto (9 de outubro a 18 de dezembro de 2024) e 'Poeira', na Art Lab 24 Contemporary Art, em Espinho (2023).
Projecto Riscotudo
O projecto Riscotudo constitui-se como um Espaço na FAUP destinado a exposições de Desenho localizado no Átrio do Auditório da Biblioteca. Com projecto de José Manuel Barbosa que partilha a curadoria com José Maria Lopes, Riscotudo é "um espaço expositivo onde se apresentam propostas que trabalham os elementos gráficos e plásticos do desenho privilegiando técnicas e concepções estéticas dispares".
Entrada livre (sujeita à lotação do espaço).
Programa sujeito a alterações (sem aviso prévio).
Este evento é passível de ser registado e divulgado pela FAUP através de fotografia e vídeo.